© Francisco Moreira e Salomé Lamas. Still de Jotta: A minha maladresse é uma forma de délicatesse. |
Como já devem ter percebido pela imagem, este documentário é sobre a Ana Jotta; enquanto pessoa, artista plástica, mulher. Ao longo de 70 minutos, pelas mãos de Francisco Moreira e Salomé Lamas, é-nos permitido entrar no universo peculiar desta conhecida artista plástica portuguesa.
O documentário vai-se desenvolvendo nos espaços que fazem parte da sua vida. Na sua casa, no atelier, na casa que tem no Brasil, nos espaços onde expõe o seu trabalho. É através do seu próprio testemunho e do daqueles que lhe são próximos que o seu mundo se vai revelando, dividido em pequenos capítulos cujos títulos sugerem os livros da Anita (adorei este pormenor).
A pouco e pouco é desvendada uma personagem despudorada, independente, solitária, perspicaz, inteligente, observadora e com um sentido de humor delicioso.
Por entre um copo de vinho e um cigarro fala-nos de tudo. Do facto de nunca ter pedido para nascer (nem sequer gosta muito de estar viva...), da sua família, dos tempos em que foi actriz e cenógrafa, dos motivos que a levaram a assumir a sua suposta homossexualidade (ou a escolher...), da forma como se relaciona com o seu trabalho e do que a levou a ser artista plástica. A Ana é efectivamente uma artista, sempre o foi e nunca poderia ser outra coisa. Como não gosta muito de trabalhar com pessoas, as artes plásticas foram o único campo onde conseguiu encontrar essa solidão de que precisa para criar; e a Ana não existe sem o seu trabalho. Ela é grande parte desse trabalho. A mulher e a artista são uma só.
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