Abbas Kiarostami, Still de Shirin, Irão, França, 2008, 92'. |
Shirin é sem dúvida um dos filmes experimentais mais bonitos que vi nos últimos tempos.
Através dos rostos de mais de 100 mulheres iranianas que se encontram na plateia de um cinema, Abbas Kiarostami conta-nos a história de Khosrow e Shirin, um romance Persa do século XII que conta a tragédia que ditou o amor proibido entre uma Princesa da Arménia e o Rei da Pérsia. A história à volta da qual se desenvolve o filme vai-nos sendo sugerida pela intensidade das expressões e reacções destas mulheres, à medida que se vão envolvendo emocionalmente com a película. Ouvimos o mesmo que elas, mas nunca chegamos a ver o "filme dentro do filme".
Enquanto espectadores assumimos o papel de Kiarostami; voyeurs numa sala de cinema de costas voltadas para o écran.
A beleza da luz que se projecta nos rostos destas mulheres, é de uma intensidade hipnotizante. A direcção de fotografia ficou a cargo de Gelareh Kiazand e não podia ser melhor. Numa conversa que se seguiu ao visionamento deste filme concluimos que não percebemos mesmo como é que o desenho de luz foi feito. Se por um lado pareceu evidente que parte da iluminação cintilava do próprio écran do filme, o que contribuia para a nossa percepção do tipo de ambiente que se ía desenvolvendo, é certo que a luz não provinha exclusivamente daí. Não consegui chegar a nenhuma conclusão mas adorei.
"Shirin makes us acutely aware that the film being watched by the women is imagined differently by each one as she brings her own personality and experience into play with what is happening on screen. To an even greater extent, though, the film that we are watching demands that we use our own imaginations, whether piecing together the unseen melodrama or speculating on the off-screen lives of its female audience. While never failing to engage our emotions, Kiarostami's Shirin also heightens our appreciation of the beguiling, subversive and consoling power of cinematic story-telling." [Iran Heritage]
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